Sinopse:
Em Spree, Kurt Kunkle (Joe Keery) compartilha um sonho com muitos jovens de sua geração: tornar-se uma estrela das redes sociais. Porém, antes de conseguir realizar seu desejo, ele precisa trabalhar como motorista. Sabendo que a fama tem um preço e Kurt está disposto a fazer de tudo para ser um grande influenciador, até fugir dos padrôes morais da sociedade.
No filme Spree, é traçado uma crítica ao fenômeno da supervalorização das personalidades nas redes sociais. Joe Kerry interpreta “Kurt” um influenciador digital fracassado, porém, incansável na busca por fãs. Seu passado é apresentado como forma de introdução pessoal do próprio personagem. Afinal, a característica mais marcante do filme é sua montagem na forma de “live” editada. Kurt fala direto com o público do filme como se fosse sua própria audiência.
A motivação de Kurt é simples: ele precisa de seguidores para se validar como pessoa. Não existe indicador mais cruel de existência do que seu número de amigos nas redes sociais e a produção detona este conceito com sua crítica. Para começar, o personagem de Joe Keery é um psicopata. Sabemos isso por dicas de roteiro, pois Kurt não reage emocionalmente como uma pessoa normal. No entanto, ele também é meio pateta e inocente, quase amável. Isso permite que o público acompanhe sua matança sem odiá-lo. Além disso, o roteiro faz o favor de apresentar pessoas horríveis como as primeiras vítimas. Assim, de maneira moralista ao extremo, pode-se torcer para que Kurt alcance seus objetivos.
Os questionamentos vão além dos influenciadores, representados por pessoas fúteis e egoístas. Através de chats que percorrem a tela, a produção também retrata os fãs, também vazios e carregados de ódio. Há uma piada recorrente até com brasileiros, pelo hábito de chamar gringos famosos para virem ao Brasil. É uma forma generalista de tratar os diversos tipos de pessoas que habitam as redes sociais, mas há de se relevar, pois o exagero está na raiz desse gênero. É uma representação distorcida de pessoas e da realidade para construir a sátira. Atrapalha um pouco que o formato visual escolhido seja utilizado com mais frequência para dar aspectos realistas, como documentários. Porém, essa mistura incomum de estilo e conteúdo é o que “Spree” traz de mais interessante.